A ciência em um estado embrionário
Quando falamos de seres “sem religiosidade” nos referimos às pessoas religiosas do tipo intelectual que exigem conhecimento ao invés de crença. Estas pessoas são impulsionadas por uma necessidade de saber; e a “religiosidade” do tipo intelectual é mantida por uma necessidade crescente de análise da vida e da existência. O resultado mais conhecido de dita “religiosidade” é, como já citado anteriormente, a “ciência”. Mas esta só pode ser uma “ciência”, em um sentido absoluto, se manifesta a análise dos fatos. Por isso, a ciência atual é simplesmente a resposta incipiente, de forma total, da vida aos fatos eternos. É a revelação incipiente do princípio da vida que diz: “tudo é muito bom” (1). Mas deve-se levar em conta que trata-se de algo incipiente e débil, de algo tão débil que a ciência, em sua trajetória evolutiva, somente pode ser qualificada de “feto de algo todavia ainda não nascido”. Entretanto, esta mesma ciência é o “embrião” de algo imensamente grande e elevado, de algo que constitui nada menos que um débil primeiro começo dessa realidade divina a que denominamos de “Espírito Santo”.
O que é o “Espírito Santo”? Como espírito é o mesmo que consciência, e consciência, por sua vez, é sinônimo de sentir ou experimentar a vida, o “espírito santo” torna-se, deste modo, o mesmo que a experiência santa da vida. E dado que “santo” é o contrário de imperfeição, falsidade, desonestidade e coisas semelhantes, a “experiência santa da vida” será o mesmo que a autêntica e honesta “experiência da vida”. Como a suprema expressão de tal experiência pode ser manifestada através das palavras divinas: “tudo é muito bom”(1), o “Espírito Santo” será o mesmo que a experiência da vida desde o mais alto nível da existência, isto é, a experiência da vida em contato com o Pai Eterno. Desde o ponto de vista destas análises, não se pode negar que a ciência terrena atualmente é o embrião do que chegará a ser no futuro, isto é, o “consolador” prometido, o “Espírito Santo” sem o qual a análise absoluta da vida nunca pode chegar a ser um feito para os indivíduos.
O fato de não ser comum considerar a ciência terrena desde este ponto de vista, isto é, como expressão da religiosidade, deve-se à circunstância de que dita ciência se baseia única e principalmente na análise das experiências materiais. Mas, por acaso, existem outros tipos de experiência? Não, na verdade, não existe nenhum outro tipo de experiência. Mas, antes de dar aos leitores uma idéia sobre qual é a resposta à esta pergunta, devo, infelizmente, apelar à sua paciência, já que em relação a esta pergunta vejo-me obrigado a circular por áreas que somente são visíveis à visão cósmica e que, conseqüentemente, se encontram fora do campo de experimentação que a maior parte da humanidade tem acesso. É por isso que o conteúdo desse livro exige a capacidade intelectiva dos leitores muito mais do que exige o conteúdo de outros livros que tratam de temas mais fáceis.
Mas se devo limitar-me aos campos que podem ser aceitos por uma inteligência primitiva, não posso dar uma imagem veraz de um tema tão amplo como “o destino da humanidade”. Esperando ser de maior utilidade para os leitores se faço de meu livro um campo de trabalho, um campo de exercícios para suas faculdades espirituais ao invés de fazê-lo matéria de leitura fácil e sentimental, optei pelo primeiro, e tentarei esboçar a relação que existe entre a humanidade – e a ciência que esta origina – e o conjunto da matéria universal e os reinos da existência. Posteriormente abordarei o tema da ciência e os limites do mundo físico.