A influência da alimentação desacertada na formação do destino de quem a ingere
O inferno não é um estabelecimento penal sob a forma de um forno ardente situado em um lugar indeterminado e no qual os seres vivos se queimam eternamente, mas se manifesta como uma realidade muito conhecida da vida cotidiana, já que toda a forma de doença, dor e aflições é em si um inferno. Este inferno não é o único que existe. Como toda doença, dor e aflição, isto é, todos os tipos de penúria, são expressão de atos que foram desencadeados à margem das leis eternas, em virtude das quais o universo segue existindo, o inferno equivale, por isso, ao conjunto de todos os desequilíbrios da existência. Como o homem terreno não é um homem perfeito, mas ao contrário, em muitos aspectos ignora as leis eternas, vive em uma constante infração de ditas leis. Como toda infração somente pode existir por meio de uma força que emana do indivíduo, e como toda força ou energia – segundo o “Livets Bog” (O livro da vida) – não pode seguir uma linha reta, mas percorre uma trajetória circular voltando necessariamente à sua origem, essa energia desencadeada em relação a cada infração volta de novo à sua origem e causa o desequilíbrio correspondente. Esta origem torna-se, portanto, objeto ou vítima do mesmo destino que, por sua parte, foi desencadeado contra seu ambiente ou contra outros seres.
Como toda matança e todo desfrute de carne e sangue não acontecem sem significar morte e pânico antinaturais para os seres cujo organismo deve ser sacrificado, quem come carne e sangue não pode ser dispensado de entrar, mas cedo ou mais tarde, em contato com os efeitos de sua maior ou menor cumplicidade em relação a este destino sombrio ocasionado nos seres citados. Em ocasiões, os efeitos das diferentes infrações devem atravessar, desde o momento em que são desencadeadas até o momento em que voltam à sua origem, um caminho imensamente longo que segue uma trajetória circular no espaço. Com frequência, esses efeitos estão a caminho em centenas de anos, apesar do fato de que se movem à velocidade da luz e das ondas radiofônicas. Isto significa que as pessoas que hoje participam no que ocorre nos matadouros, na pesca ou que matam animais de um outro modo, em muitas ocasiões não entram em contato com os efeitos principais, em seu modo de manifestar-se na vida atual. Isto ocorre, porém, em vidas sucessivas. É importante lembrar que todos os seres vivos são realidades eternas, mesmo que em organismos ou corpos alternantes. Isto pelo fato de que tais organismos estão formados por matéria e, por isso, igualmente a todas as outras realidade materiais tais como máquinas e utensílios, devem renovar-se constantemente, já que paulatinamente se envelhecem e se desgastam. Quando os efeitos das infrações cometidas pelo indivíduo regressam a ele, entrelaçam-se na sua radiação e no estado em que se encontra no momento, causando-lhe dor e sofrimento. Deste modo, estes efeitos se transformam, para o homem terreno comum, na causa invisível ou secreta de sua anexão à guerra, à mutilação, ao homicídio, ao assassinato etc.
Semelhantemente, a maior parte dos homens terrenos é objeto ou vítima, na presente vida física, dos efeitos principais de seu consumo de sangue e de carne em existências precedentes. Ao mesmo tempo e, naturalmente, é também objeto dos efeitos das demais ações ou modos de manifestação em vidas precedentes. Podemos dizer, então, que nenhum ser pode escapar dos efeitos de seus atos imperfeitos. Mas isto é, na verdade, algo divino. Porque se acontecesse o contrário, toda a evolução se paralisaria. E a morte, em vez da vida, dominaria o universo.
É evidente que não posso entrar em detalhes no que se refere à criação do destino em si e que, para isto, devo remeter o leitor ao “Livets Bog” (O livro da vida). Entretano, gostaria de mencionar que o anteriormente exposto não trata, absolutamente, de especulações ou teorias, mas de fatos reais. As irradiações criadoras de destino podem ser seguidas em sua trajetória circular através do espaço, em virtude dos sentidos ocultos superiores; e alí serem observadas com a mesma facilidade que as realidades fisicas podem ser observadas por meio dos sentidos físicos.
Além dos efeitos primários, ocasionados pelo desfrute de carne e sangue, existem também os efeitos secundários. E a onda de energia que os impulsiona tem somente que recorrer caminhos muito curtos. Estes efeitos secundários são, por isso, desencadeados imediatamente, isto é, começam ao mesmo tempo que a disgestão dos citados produtos animais. E são tão ínfimos que nem chegam a ser notados quando os produtos pertencem ao grupo dos chamados “produtos frescos”. Mas se são ingeridos de um modo constante, transformam-se em algo que tem um efeito destrutivo para o organismo e são precisamente muito mais perigosos uma que vez que se apresentam de maneira oculta e somente se fazem visíveis quando alcançam sua culminação sob a forma de doenças orgânicas. Estes efeitos são produzidos porque a diferença que existe entre a vibração peculiar dos “produtos cadavéricos” e a vibração característica do organismo vivo no qual estes foram absorvidos como alimentação é demasiado grande. Quando esta diferença é mantida de um modo permanente, o que acontece quando o desfrute de carne e de sangue é constante, a vibração peculiar dos produtos cadavéricos domina finalmente a vibração peculiar do organismo. E o indivíduo em questão perde, de maneira proporcional, o domínio das funções normais de seu organismo. Aqueles organismos nos quais a vibração peculiar dos produtos cadavéricos se transforma na mais forte, carecem de defesas diante de toda a invasão de corpos estranhos – bacilos e bactérias – pelo fato de que as vibrações destes estão em hamonia com a vibração peculiar dos produtos cadavéricos e, deste modo, estes corpos estranhos não encontram nenhuma resistência quando tomam posse do organismo ou de algumas partes deste. E o organismo mostra, alí onde foi dominado deste modo, uma doença orgânica com um perigo de morte mais ou menos destacado. Um desgaste tal das vibrações normais do organismo, provocado em parte pelo desfrute de carne e sangue, em parte pelo desfrute de entorpecentes e por uma alimentação e cuidados desacertados, é a causa absoluta de qualquer tipo de doença, seja tuberculose, câncer, abscessos, reumatismo, cálculos biliares, cálculos renais, obesidade, insuficiência cardíaca, tensão arterial anormal, anemia, problemas de digestão e de defecação.
O desfrute de qualquer tipo de estimulantes do tipo narcótico e o consumo de carne e sangue provocam a morte prematura. Dado que um ser que ativa sua própria morte é um “suicida”, toda pessoa que ainda não alcançou um contato ou com a harmonia ou com a fonte natural de nutrição participa, deste modo, e em virtude de seu desfrute de carne e sangue, não somente no assassinato de seres que o rodeiam, mas também, ainda que lentamente, em seu próprio suicídio. Esta pessoa é simultâneamente “assassina” e “suicida”; é o máximo expoente da infração do quinto mandamento, ou da destruição do que é fundamento eterno para toda a vida que alcançou sua perfeição: não matarás. Um indivíduo tal é, todavia, um protótipo ou representante do paganismo e deve, em um grau correspondente, estar submetido às leis e consequências deste paganismo. Deve estar sobrecarregado de doenças e sofrimentos, independentemente de ser “sacerdote”, “bispo” ou “papa”, ou mesmo que se qualifique de “cristão, “santo”, “convertido”, “bem-aventurado, “ortodoxo” e coisas semelhantes. Um indivíduo é colmado pelo “Espírito Santo”, isto é, alcança a forma fundamental do “grande nascimento” e a existência iluminada como “homem divino” que se desprende desse nascimento, somente quando já não deseja a carne e o sangue dos outros seres, quando já não é mais assassino e nem suicida. Este indivíduo deve carecer, portanto, durante este período que precede à sua iluminação, e de um modo proporcional, de “consciência cósmica”, isto é, da autêntica faculdade de “ver a Deus”.